quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Infecção Puerperal

INTRODUÇÃO
Barros (2006), considera infecção puerperal como alguma infecção que se instale no aparelho reprodutor da mulher no período pós- parto recente se favorecendo das transformações ocorridas em seu organismo.
Pra Guimarães (2007), suas taxas elevadas estão em grande parte ligadas ao número aumentado de mulheres que optam por cesarianas, visto que o mesmo é um importante fator de risco, além de falha no sistema de vigilância, bem como a inexpressiva sensibilização e envolvimento das pessoas para melhor aspecto da realidade.
Embora o avanço científico e tecnológico nas diversas áreas do conhecimento seja progressivo, esta patologia, ainda é, um grande problema para a saúde pública pela sua prevalência, morbidade e, até mesmo, letalidade. No âmbito internacional, a infecção puerperal oferece índices que oscilam entre 03 e 20%, com valores médios de 09%. No Brasil, esses índices variam em torno de 01 a 7,2 (GUIMARÃES, 2007).
Em geral a infecção puerperal é instalada entre o 4º e o 5º dia do pós-parto, sendo que quanto mais cedo for o aparecimento da mesma, maior será sua virulência. Seu quadro clinico mostra-se por aumento da temperatura que pode alcançar de 38,5 a 39 °C, os lóquios apresentam-se purulentos e com odor fétido, útero amolecido e doloroso, colo permeável à polpa digital, que ao ser manipulado excreta secreção purulenta. Além disso, a puérpera pode apresentar cefaléia, anorexia e mal-estar geral (BARROS, 2006).
Para que esta patologia seja evitada é necessário algumas medidas profiláticas, principalmente relacionadas a atos de higiene tanto por parte das puerperas e seu acompanhantes com dos profissionais de saúde.

JUSTIFICATIVA
Visto que a infecção puerperal é uma doença causada em suma por uma deficiência em hábitos higiênicos, que acomete principalmente as puérperas submetidas a parto cesariana é que se pretende abordar neste estudo alguns elementos sobre esta patologia, abordando profilaxia, formas de transmissão, sinais e sintomas, dados estes, necessários ao desenvolvimento de uma assistência fundamentada cientificamente e alicerçada na assistência e no processo de enfermagem.

OBJETIVOS

Geral
  • Promover educação em saúde sobre a infecção puerperal;
Específicos
  • Ponderar quanto à importância de hábitos higiênicos na prevenção da infecção puerperal;
    • Analisar quais são os sinais e sintomas da patologia;

  • Identificar áreas de risco para transmissão e proliferação da doença;

METODOLOGIA
Este artigo consiste num estudo exploratório de natureza bibliográfica.


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Define-se infecção puerperal como qualquer infecção que venha acometer o aparelho reprodutor feminino no puerpério recente e que se beneficie das modificações fisiológicas locais e gerais do organismo no período pós-parto (BARROS, 2006).

Ainda segundo o autor a vulnerabilidade da mulher as infecções aumenta na presença do baixo nível socioeconômico (desnutrição, anemia por deficiência de ferro, baixa resistência, vaginose bacteriana), de doenças crônicas, dos exames ginecológicos repetidos, e em razão do trabalho de parto prolongado, da cesariana, da retenção de fragmentos da placenta dentro do útero após o parto, e da hemorragia puerperal.(pag.243)
Esta infecção é comumente causada por bactérias da microbiota vaginal, e tem grande relevância como origem de morte materna. Dentre os fatores de risco destaca-se: más condições de assepsia, parto prolongado, presença de restos ovulares, baixa resposta imunitária e cirurgia cesariana (ARAUJO  et al., 2009).
De modo geral esta pode ser endógena e exógena, além disso, é polimicrobiana e os agentes etiopatogênicos são germes aeróbios e anaeróbios da flora do trato geniturinário e intestinal. Se tratando de infecção exógena, podem ser considerados agentes de infecção os profissionais que prestam cuidados a puérpera e parturiente através das mãos, luvas, instrumentos cirúrgicos e além disso os acompanhantes também participam como fonte de infecção (BARROS, 2006).

No Brasil, as quatro principais causas de morte materna, entre as obstétricas diretas, são: as síndromes hipertensivas, as hemorragias, as infecções puerperais e as complicações do aborto. As causas obstétricas diretas são responsáveis por 66% das mortes maternas em nosso país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).

Embora o avanço científico e tecnológico nas diversas áreas do conhecimento seja progressivo, esta patologia, ainda é, um grande problema para a saúde pública pela sua prevalência, morbidade e, até mesmo, letalidade. No âmbito internacional, a infecção puerperal oferece índices que oscilam entre 03 e 20%, com valores médios de 09%. No Brasil, esses índices variam em torno de 01 a 7,2 (GUIMARÃES, 2007).

A mortalidade associada ao ciclo gravídico-puerperal e ao aborto representa cerca de 6% dos óbitos de mulheres de 10 a 49 anos no Brasil, sendo de extrema relevância por estar relacionada a eventos naturais (gravidez e parto) e por ser evitável em 92% dos casos(BRASIL 2004).
Em 1998, no Brasil, as mortes devidas às síndromes hipertensivas apareceram em 22,4% das declarações de óbito; as síndromes hemorrágicas, em 12,4%; as infecções puerperais, em 7%; e o aborto (excluídos os casos de gravidez molar e ectópicas), em 4,7% dos casos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).
A técnica de controle das infecções hospitalares, que são aquelas adquiridas 72 horas após a admissão do paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta, tem sido adotada pelos profissionais e usuários do sistema de saúde como base na qualidade do cuidado. Para tanto, é necessário a busca pela melhoria na assistência hospitalar para que se torne possível ofertar à população um serviço de menor risco e maior efeito (GUIMARÃES, 2007).
Em se tratando de infecção puerperal, seus altos índices estão em geral relacionados ao grande número de parto cesáreo, visto que o mesmo é um importante fator de risco, além de falha no sistema de vigilância, bem como a inexpressiva sensibilização e envolvimento das pessoas para melhor aspecto da realidade (GUIMARÃES, 2007).
No Brasil, este tipo de parto ocorre principalmente em unidades hospitalares, identificando um menor número de opção pelo parto natural e uso aumentado do procedimento de parto cesáreo. Vale destacar ainda, que este é um país, que tem um dos maiores índices de parto cesáreo no mundo, o que coopera para Infecção puerperal aumentando o risco de mortalidade materna (GUIMARÃES, 2007).
A assistência hospitalar ao parto deve ser segura, garantindo, para cada mulher, além dos benefícios dos avanços tecnológicos e científicos, a sua autonomia no parto, permitindo que ela seja o sujeito do processo e defina aquilo que entenda ser melhor para ela e para seu filho (GUIMARÃES, 2007).


Sintomas

Em geral a infecção puerperal é instalada entre o 4º e o 5º dia do pós-parto, sendo que quanto mais cedo for o aparecimento da mesma, maior será sua virulência. Seu quadro clinico mostra-se por aumento da temperatura que pode alcançar de 38,5 a 39 °C, os lóquios apresentam-se purulentos e com odor fétido, útero amolecido e doloroso, colo permeável à polpa digital, que ao ser manipulado excreta secreção purulenta. Além disso, a puérpera pode apresentar cefaléia, anorexia e mal-estar geral (BARROS, 2006).



Diagnóstico clínico das diferentes formas de infecção puerperal


Para que se possa fazer o diagnóstico de uma infecção torna-se necessário à avaliação clínica, inspeção de ráfias e punção do útero e dos pulmões da mulher, além da solicitação de exames laboratoriais como cultura de amostra de urina e da secreção uterina, raios-X, ultra-sonografia e exame ginecológico (BARROS, 2006).
Forma clinica
Temperatura
Dor
Tumor
Secreção
Infecção do Períneo
(episiotomia)
38-38,5°C
Local
Local
Local (serosa,
Sero-purulenta)
Fasciite necrozante
39-40°C
Local, intensa
Local
Local (purulenta,
necrose)
Endomiometrite
38-39°C
Pélvica
Útero sensível
Uterina (fétida)
Parametrite
38-39,5°C
Pélvica, forte
Parametrial
Eventual
Anexite
38-39,5°C
Pélvica, forte
Parauterino
Não
Peritonite
40°C
Pélvica/difusa
Pélvico/
peritoneal
Não
Choque séptico
38 - 40°C
hipotermia
Pélvica/difusa
Pélvico/
peritoneal
Não
Fonte: Ministério da Saúde 2000
Tratamento Medicamentoso

Os esquemas de antibioticoterapia devem ser padronizados em comum acordo entre o Serviço de Obstetrícia e o Serviço ou a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).
É incomum acontecer infecção puerperal em mulheres que realizaram parto natural, entretanto quando isto ocorre em geral é administrado um antibiótico IV (intravenosa) até que a mulher passe a não apresentar febre durante 48 horas (BARROS, 2006).
Em ambos os partos na maioria dos casos é utilizado à associação entre antibióticos com ação sobre bactérias anaeróbicas e aeróbicas gram negativas as quais habitam a flora geniturinária e intestina (BARROS, 2006).
A base do tratamento clínico é fundamentada no uso da antibioticoterapia e no controle de eventuais complicações, desta forma torna-se necessário reconhecer a sensibilidade destas bactérias aos antibióticos. É recomendado que as mulheres portadoras desta infecção permaneçam com o uso da medicação endovenosa no mínimo de 24 a 48 horas depois do ultimo epsódio de febre (BARROS, 2006).
Tratamento cirúrgico da infecção puerperal
O tratamento cirúrgico só será indicado em casos onde o tratamento clínico for Insuficiente, dispõe entre eles a curetagem de restos placentários, drenagem de abscessos: perineais, da incisão de cesariana,debridamento de fasciite necrozante perineal e abdominal, colpotomia: abscesso do fundo de saco de Douglas, histerectomia total: miometrite e infecção pelo Clostridium welchil, laparotomia: abscessos entre alças, do espaço parietocólico e subfrênico, ligadura de veia ovariana e veia cava, em caso de tromboflebite pélvica séptica que não responde ao tratamento de antibiótico + heparina
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).

Assistência de Enfermagem
De acordo com Melson et al. (2002), estas são algumas das assistências de enfermagem que podem ser prestadas as puérperas portadoras de infecção puerperal:
1)    Avaliar os lóquios: quanto ao tipo, volume, odor e as características. Este exame confirma que o Processo involutivo está normal e ajuda a detectar sinais de infecção;
2)    Monitorar os sinais vitais da paciente, principalmente temperatura a cada quatro horas, ficando atento a tendências à pirexia nos dois primeiros dias do pueperio imediato, excluindo-se as primeiras 24 horas. Essa medida em conjunto com o exame físico ajudam a formular um diagnóstico clínico;
3)    Anotar a contagem de leucócitos e correlacioná-los com o quadro clínico geral. A leucocitose acompanha a inflamação, entretanto os níveis normais do pós- parto são aumentados (15.000 a 30.000 mm³) e o diagnóstico depende da integração de todos os dados suspeitos pertinentes;
4)    Implementar medidas de higiene e cuidados perineais certificando-se que os cuidadores e a paciente estão lavando as mãos. Limpe o períneo, troque freqüentemente os absorventes e ofereça banho de assento. Essas medidas limitam a exposição aos contaminantes e promovem a cicatrização;
5)    Ajudar a paciente a escolher uma dieta balanceada estimulando a ingesta de proteínas, vitamina C e ferro. Proteínas e vitamina C facilitam a cicatrização, já o ferro ingerido junto com os alimentos ou com os suplementos pode ajudar a corrigir a anemia;
6)    Ensinar à paciente a forma correta de lavagem das mãos para prevenir infecção, orientando-a quanto aos sinais e sintomas de infecção. Esta medida é importante principalmente para as pacientes que recebem alta precoce podendo estar em casa quando a infecção de manifestar;
7)    Avaliar as características da dor, incluindo o tipo, a freqüência, a localização e a intensidade. As características da dor podem ajudar a formular o diagnóstico médico;
8)    Implementar medidas de conforto, como ajudar a paciente a mudar de posição e administrar analgesia farmacológica caso prescrita. O aumento da perfusão tissular e a estimulação das fibras aferentes diminuem a percepção da dor, já a analgesia farmacológica possibilita o controle da dor no nível central;
9)    Avaliar os sons pulmonares, a freqüência e o esforço respiratório. Os exercícios respiratórios melhoram a oxigenação e impedem a acumulação de secreções, reduzindo o risco de atelectasia e pneumonia;
10)  Fazer a administração da medicação prescrita.

CONCLUSÃO
Desta maneira, com tudo que foi discutido anteriormente sobre infecção puerperal, percebe-se a necessidade de se implantar medidas profiláticas, principalmente no que diz respeito a ações de higiene tanto das puerperas e seus acompanhantes, como dos profissionais de saúde envolvidos no cuidado destas mulheres, além de intensificar as campanhas para realização de parto normal humanizado, visando diminuir a incidência de cesariana, sendo que é neste onde há maior prevalência desta patologia.






Referencial bibliográfico

ARAUJO, Stanley de Almeida; LANA, Ana Maria Arruda; GARCIA, Paula Piedade  and  GODOY, Pérsio. Choque séptico puerperal por Streptococcus β-hemolitico e síndrome de Waterhouse-Friderichsen.Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [online]. 2009, vol.42, n.1, pp. 73-76. ISSN 0037-8682.  doi: 10.1590/S0037-86822009000100015.

BARROS, Sonia; Enfermagem no Ciclo Gravídico Puerperal; 27ª Ed; Editora Manole, 2006; Barueri – SP.

BRASIL, Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Brasília, Ministério da saúde 2004.
GUIMARAES, Elisângela Euripedes Resende; CHIANCA, Tânia Couto Machado  and  OLIVEIRA, Adriana Cristina de. Puerperal infection from the perspective of humanized delivery care at a public maternity hospital.Rev. Latino-Am. Enfermagem[online]. 2007, vol.15, n.4, pp. 536-542. ISSN 0104-1169.  doi: 10.1590/S0104-11692007000400003.
MELSON, K. A. et al. Enfermagem Materno Infantil: planos de cuidados. Tradução HENRRIQUE, Carlos. Rio de Janeiro, 3ª Ed. 2002.
______, Ministério da Saúde. Urgências e Emergências Maternas. 1. ed. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde /Ministério da Saúde, 2000.